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"For Your Free Thinking": all the stories behind the political prison


The renewed fortress of Peniche, about which I wrote a few days ago, also has for these days an unmissable exhibition. Since April 27, 1974, the date of the release of political prisoners, the Fortress of Peniche has become a symbol of the Resistance and Struggle for Freedom.

"For Your Free Thinking" is the name of this exhibition, but it is also one of the verses of the song known as the Fado of Peniche.

 

A renovada fortaleza de Peniche, sobre a qual escrevi há uns dias, tem também por estes dias uma exposição imperdível. Desde 27 de abril de 1974, data da libertação dos presos políticos, que a Fortaleza de Peniche se transformou num símbolo da Resistência e Luta pela Liberdade.

"Por Teu Livre Pensamento" é o nome desta exposição, mas é também um dos versos da canção conhecida como o Fado de Peniche.

This exhibition brings together striking moments in contemporary history - the repression and violation of human rights by the military dictatorship, the Colonial War, resistance to fascism and April 25 revolution. It is a tribute to political prisoners, their families, the population of Peniche and the thousands of women and men who, for almost half a century, have sacrificed their freedom and life in the struggle for democracy.

The entire exhibition is loaded with original objects that symbolize specific moments and help show how everything worked in that era: from covers and newspaper articles censored, love letters, posters advocating the political regime of the time, thank you cards and more.

There is, for example, a copy of the transcript of the telephone conversation between Mário Soares (one of the political prisoners, who later became President of the Portuguese Republic) and his wife Maria Barroso, when he was exiled on the island of São Tomé. Next, the card of the director of PIDE, Fernando da Silva Pais, to inform Salazar (president of the Council of Ministers of the dictatorial government of the Estado Novo - 1968).

The more than 2500 prisoners who remained here, some for long years, were subjected to a violent prison regime, designed for their progressive physical, psychic and moral annihilation.

The Portuguese Communist Party (PCP) was one of the main targets of the repressive apparatus. The clandestine militants cut some personal ties, adopted conspiracy rules, pseudonyms and false identities. They had support for clandestine party houses, printing houses and the press.

On April 25, the prison of the Peniche Fortress was surrounded by a military force from Leiria, but the members of the International Defense Police of the State (PIDE) surrendered only the following morning. The release of all prisoners took place only at dawn on 27 April.

 

Esta exposição reúne momentos marcantes da história contemporânea - a repressão e a violação dos direitos humanos pela ditadura militar, a Guerra Colonial, a resistência ao fascismo e o 25 de abril. Trata-se de uma homenagem aos presos políticos, às suas famílias, à população de Peniche e aos milhares de mulheres e homens que, ao longo quase de meio século, sacrificaram a liberdade e a vida na luta pela democracia. 

Toda a exposição está carregada de objetos originais que simbolizam momentos específicos e que ajudam a mostrar como tudo funcionava naqela época: desde capas e artigos de jornais censurados, cartas de amor, cartazes defensores do regime político da época, cartões de agradecimento e muito mais.

Existe, por exemplo, uma cópia da transcrição da escuta telefónica da conversa entre Mário Soares (um dos presos políticos, e que mais tarde veio a ser Presidente da República Portuguesa) e a sua mulher Maria Barroso, quando este se encontrava exilado na ilha de São Tomé. Ao lado, o cartão do diretor da PIDE, Fernando da Silva Pais, a dar conhecimento a Salazar (presidente do Conselho de Ministros do governo ditatorial do Estado Novo - 1968). 

Os mais de 2500 presos que aqui permaneceram, alguns durante longos anos, foram sujeitos a um regime prisional violento, concebido para o seu progressivo aniquilamento físico, psíquico e moral.

O Partido Comunista Português (PCP) foi um dos principais alvos do aparelho repressivo. Os militantes clandestinos cortavam alguns laços pessoais, adotavam regras conspirativas, pseudónimos e identidades falsas. Tinham como apoio as casas clandestinas do partido, tipografias e a imprensa.

No dia 25 de abril a prisão da Fortaleza de Peniche foi cercada por uma força militar proveniente de Leiria, mas os elementos da Políia Internacional de Defesa do Estado (PIDE) só se renderam na manhã seguinte. A libertação de todos os presos só se concretizou na madrugada de 27 de abril.

This political prison of maximum security was, nevertheless, stage of two celebrated and spectacular escapes.

In the early hours of December 18 to 19, 1954, imprisoned communist leader António Dias Lourenço escaped through a 20 x 40 centimeter opening that he sawed on the cushion of the cell door, then descended 20 meters of wall to the sea with a rope made with sheets torn into strips. The improvised rope broke, causing it to fall into the sea. He was dragged off by the waves. With great effort and already exhausted, he managed to reach land and escape, hidden with the connivance of fishermen, in a pickup truck.

On January 3, 1960, there was a memorable "escape from Peniche", led by Álvaro Cunhal (writer and leader of the Portuguese Communist Party) and a few more prisoners (Joaquim Gomes, Carlos Costa, Jaime Serra, Francisco Miguel, José Carlos, Guilherme Carvalho, Pedro Soares, Rogério de Carvalho and Francisco Martins Rodrigues), thanks to the connivance of a Republican guard who agreed to the immobilization with chloroform of a colleague responsible for the surveillance of the prisoners. The guard in question led the fugitives, one by one, crouched beneath their coat of oilcloth, to a darker section of the wall, from which they descended to the outside with the aid of the said rope made of sheets.

 

Esta prisão política de segurança máxima foi, no entanto, palco de duas célebres e espetaculares fugas. 

Na madrugada de 18 para 19 de dezembro de 1954, o encarcerado dirigente do comunista António Dias Lourenço conseguiu fugir por uma abertura de 20 x 40 centímetros que serrou na almofada da porta da cela, descendo em seguida 20 metros de muralha até ao mar com uma corda feita com lençóis rasgados em tiras. A improvisada corda rompeu-se, fazendo-o cair ao mar. Foi arrastado para o largo pelas ondas. Com muito esforço e já esgotado, conseguiu alcançar terra e lograr escapar escondido, com a conivência de pescadores, numa camioneta de transporte de pescado.

A 3 de janeiro de 1960, tem lugar a memorável "fuga de Peniche", protagonizada por Álvaro Cunhal (escritor e líder do Partido Comunista Português) e mais alguns presos (Joaquim Gomes, Carlos Costa, Jaime Serra, Francisco Miguel, José Carlos, Guilherme Carvalho, Pedro Soares, Rogério de Carvalho e Francisco Martins Rodrigues), graças à conivência de um guarda republicano que anuiu à imobilização com clorofórmio de um seu colega responsável pela vigilância dos prisioneiros. O guarda em questão conduziu os fugitivos, um a um, agachados debaixo do seu capote de oleado, até a um troço mais escuro da muralha, de onde desceram para o exterior com o auxílio da referida corda feita de lençóis. 

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